domingo, 18 de outubro de 2009

Colher de tempo



Dois passos para frente,três para trás,nem o giro de 180ºregula o tempo,nenhuma fórmula me encolhe mais.
E o que mudou até aqui?
Os fios vermelhos,as cores das unhas,a forma das palavras,as verdades que não disse e minhas cicatrizes.
O que mudou até aqui,não foi nada além do que já conhecia,antes do início.Antes de me aglomerar em células maiores.
O que mudou até aqui,não foi a forma de ver,mas as palavras cuspidas em meu rosto.
Ainda hoje,pouco me machuca,só as mesmas palavras.
O tempo imortaliza alguns rostos
Congela algumas almas
Arranha corações
E quando,em desespero,mergulhamos em seu turbilhão,voltamos ao início,ao útero do mundo.
Pouca coisa me prende aqui,exceto essa vontade,que por vezes é receio,de afundar cada vez mais nas linhas do tempo e tentar compreender o quanto eu poderia
ter ido em frente,se não fosse o receio de não voltar.
A gente nunca volta a ser o mesmo,nosso corpo encolhe a medida que navegamos e se torna pequeno,pequeno,pequeno,até que,como o início,nos enxuta para algo
novo.Acho que tenho o defeito de ficar muito acordado,acordado sem a medida desse ciclo de horas pequenas.
Mas acordado,mergulhado,coletando cada concha de mim,como um curioso.
Eu sou tão velha e a Terra se recicla tanto e cada vez,com uma nova roupagem.
Não,eu não quero a vida dos que nascem uma vez...
Mas dos que se arriscam a tentar,tentar,tentar,sentir

E tentar de novo!

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