domingo, 25 de abril de 2010

Cinza bucólico





O sol não brilha mais,se esconde.Ele tem medo da sua própria luminosidade.
E a noite,em seu explendor inova.E não teme.Pois só ela conhece o que não vemos.
E os homens,andam sem tempo,vagando destrambelhados de um lado para outro.
Como lunáticos,procurando luz,numa selva fria,cinza,de pedra.
E eu,sabendo de todas essas coisas,prefiro o silêncio.
Ancorada numa gaiola de ouro sem fecho,sentindo as trevas tomando conta de tudo ao
redor.E reconhecendo,em mim,o caminho do sol.

Tão...tão...tão...







São tantos anos em guerra.
Andando pelos vestígios de uma inocência ao avesso.
Conversando com plantas para recuperar um pouco de paz.
Eu me lembro dos dias coloridos,onde o abraço era forte,e eu dormia sem lembrar do mundo.
Sempre medrosa,me jogando para mais baixo do que nunca tinha ido.
Eu comecei duas guerras ao mesmo tempo.
Uma para matar o que eu sentia, e outra para mudar meu tempo.
São tantos anos em guerra.
E hoje eu escuto aquelas velhas canções dos vilarejos escondidos.
Eu sinto que a guerra precisa de paz.Mas são tantos anos em duas guerras.
Perder o motivo,seria me desintegrar.
Eu estou te matando em mim,querida.Te matando em mim para me libertar.

Andando pelas margens desse rio,imaginando o que existe além.Não,eu não posso ir,até me libertar.Até ser a mudança que eu queria ver.
Eu me machuco mais um pouco.
Eu sento com os meus fantasmas.
Montando estratégias como num baralho.
Eu estou te matando dentro de mim,querida.Para ser o que eu sou.
Eu não serei meu escravo,depois que acabar.


Eu estou em duas guerras,
Uma para matar o que eu sinto e a outra,para mudar o meu tempo.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Horas






Dançando sozinha porque eu também a amo.
E ela também me ama,de maneira diferente,e é pra você que ela dança.
Eu tenho que gritar bem alto para perceber a liberdade.
E ela...ela só toca e te leva além.
Eu também a amo,mas ela me ama de maneira diferente.
Ela vai envelhecer dançando com você,
E vai sempre me ver como uma criança.
Eu não vou chamar mais sua atenção,então por favor,não a machuque.
Ela me ama de maneira diferente.

E é para você que ela dança.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Porque um barraco não machuca ninguém






Eu disse,desde o começo que você iria preferir não ter me conhecido.
Que eu estava só passando,que eu seria só uma brisa.
Você se sente abandonado,e foi assim que nós decidimos.
Eu não atrapalharia meu caminho torto,pela chance de ser tempestade,brisa,calmaria,pela oportunidade de ser constante.Eu te disse que,as vezes,me invento.
Eu falei que eu iria sair pela janela,pelo canto,pelo ponto.
Eu te disse que não ficaria.
Eu te disse que não teria 'mais tarde'
Agora você finge que não sente.
E eu choro escondido.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ébano








Eu não sei se é você quem não consegue me encontrar
Ou se sou eu quem não me importo.
Te compro tecidos,costuro seu vestido de moça bonita
Decoro seus traços e me enfeito,mesmo desarrumado.
Você não percebe as minhas flores,nem as pedras que retirei do seu caminho.
Me dá um sorriso e eu te dou outro vestido de moça bonita.
Talvez você até tenha se acostumando com meu jeito errado de ver o que penso.
E não perceba que eu sinto.
E o dia dorme agora,
E com ele,dorme meu sono.
Eu tenho que ficar acordado mais um pouco,só por um ponto,só por mais um pedaço colorido de tecido e linha branca.
E fico acordado procurando as flores para sua coroa,minha rainha das flores
E você,atira no primeiro riacho,tudo,menos as pedras e o vestido rendado de moça bonita.

Estou cansado,vou te fazer um vestido tão belo quanto a galáxia,e vou me embora.
E o que fica...
"Já não sei se é você quem não me encontra
Ou se sou eu que já nem ligo"

sábado, 3 de abril de 2010

Nomes


Me chamem de poeta,
não de poetisa.
Porque o poeta é ser.
E ser não tem sexo.
Porque ser,é poesia.