quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Calma



Já não escrevo em silêncio
E o fundo do poço é tão bonito,quanto as pedras no lago,na primavera.
Eu sei do meu espaço e que não há pontes ordenadas de flores.
Há muros,muros tão silenciosos quanto um reino em festa.
E só me vejo fora,quando olho por dentro.Seria meu reflexo assim tão importante?
Seria eu,mais de mim,ao avesso?
Seria minhas cores que mais fortes que eu?
As pessoas deslizam pelas ruas,passam pela minha janela,discursam sobre sua importância e eu apenas passo a sorrir.
Eu percebo que o mesmo tempo que molda e aprisiona é o que nos simplifica e liberta.
Um pouco de células alheias,um pouco de mundo em comum e um pouco de visão alternativa.
Ah,não!Eu prefiro meu sonho em meio às flores.
Deixemos a ciência,nossos holofotes.
Deixamos aos filhos do ego,nossa atenção.
Porém nós mesmos,seremos transpirados em palavras.
Há tão pouco de mim em meu corpo,tão nada no que visto,digo e me alimento.
Percebo que minha alma dança sobre meus olhos em forma de vento,em forma de cor,em forma de vida.
Os anos arrastam.
Em breve,metade de mim,terá novos ossos e minha alma estará cansada.
Em breve,diluirei me em palavras,jogadas ao vento.
Em breve,já não serei nada.
E serei tudo,porque correrei com o vento e beijarei a face da sensibilidade.
Despertarei momentos.
Em breve nenhum arrepio passará despercebido,nenhum segundo abandonará o papel.
Em breve,sentarei em minha pilha de palavras e poderei sorrir tão desesperada,quanto uma criança com um doce aos lábios e estarei feliz.
Realmente,os segundos são belos.

E o desespero a forma nua de felicidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário