domingo, 27 de novembro de 2011

Eu por mim




A visão que eu tenho de mim é de uma pessoa triste, alguém que nunca viveu. Alguém que carrega em si constelações inexploradas, cheiros, toques e fotografias, que nunca senti, nunca toquei, nunca  apareci. Tenho de mim o vazio. O incrível. E o medo de quem já se machucou demais, como a criança que entende o sentido de quente e frio pelas mãos, pelo toque, pelo arrependimento e pelo triunfo da ousadia. Só que no meu caso eu nunca queimei nada além de expectativas. Sei de mim o romance, suas sequelas e suas consequências: Coração remendado, cansaço, apatia e esperança.  Sei muito do amor também, é ali que me inspiro, naquela sabedoria silenciosa que tece e sopra todas as minhas reações. Sei do amor que liberta, do amor que protege e do amor que projeta (quero me ver livre deste). Sei do carinho com as palavras, da delicadeza de um gesto, dos ecos da indiferença. Sei da dor por baixo do deboche. Sei muitas coisas, afinal. Sei delas como se navega em histórias. Sei da liberdade que é frágil, que as vezes esconde, escapa e tem seus segredos. Na verdade, para mim a liberdade é um barco de papel no qual navego com todo o cuidado. Um mal vento, um pensamento pesado ou um simples suspiro e eu sou lançada de volta ao meu oceano, à minha aquarela, às palavras comuns.
Eu penso como o poeta ‘morrer de amor não dói’. Mas a dor de um amor não vivido é pior que a morte em si e todo o seu desapego. É pior do que dor de cizo, e disto eu entendo. É não existir. Eu sinto o peso de todas as minhas células quando penso nisso. Eu amo muito. E utilizo de todas as vertentes e charmes do amor. Eu mostro a minha tristeza, a minha esperança e a minha força  através dele. E sim, eu machuco demais. E quando a gente machuca quem a gente ama, nós nos ferimos  3 vezes mais. Pois morre ali você, a pessoa e o próprio amor.

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